sábado, 19 de novembro de 2011

Uma chance

Algumas coisas realmente tem em chateado muito. Sabe, não desejo o mau a ninguém. Ninguém mesmo. Eu só gostaria que algumas situações fossem diferentes. Não vejo sentido algum em ver as pessoas se odiando ou guardando mágoas umas das outras. Existem tantas formas de se resolver um problema. Sabe, às vezes uma conversa pode resolver tudo, esclarecer, "colocar os pingos nos i's", resgatar aquilo que foi perdido, mostrar o que as pessoas sentem de verdade, e o principal: trazer a verdade sempre. Tem horas que simples expressões podem ser o começo do fim de uma briga ou uma situação. Um simples "eu não gostei disso", " acho que deveríamos conversar", "vamos esclarecer nossas diferenças", " eu ainda penso em você", " o que aconteceu com a gente?", "amiga, eu preciso de você", "será que nós ainda temos chance?", " acho que não temos mais nada em comum", "valeu a pena", "só queria dizer obrigado"...entre outras coisas... Eu realmente não gostaria de ver o ano acabar e saber que as pessoas estão magoadas umas com as outras. Principalmente as pessoas que eu gosto. Enfim, só desabafei. ♥

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Saudade

Dizem que quando falamos, sentimos ou escrevemos algo sobre quem já partiu essa pessoa, onde quer que esteja, é capaz de sentir aquilo que transmitimos. Então, eu espero que Deus possa permitir ao meu pai ter o conhecimento do que está aqui.

Meu pai, minha garganta ainda embarga cada vez que ouço seu nome ou ouço a palavra “pai”. É estranho e ao mesmo tempo inacreditável saber e sentir que você já não está mais aqui. Essa semana eu senti como se estivesse fora de mim. Senti como se ainda estivesse no mês de Julho de 2010. Passei perto do hospital onde você ficou. Fechei os olhos e pude sentir ainda a mesma sensação do ano passado. Hoje eu entendo como voltar ao passado pode doer e nos fazer chorar. Não sei como descrever meu coração nesse momento. Sinto muitas saudades, mas ao mesmo tempo, percebo que você não sofre mais. E isso é o que importa.

Talvez não tenhamos tido a melhor relação de pai e filha, mas isso realmente não me importa mais. Quando as coisas não estão caminhando da maneira como gostaria, ou quando eu acho que não tenho mais motivos pra sorrir, lembro daquele dia em que, no telefone, pela primeira vez você falou que me amava. Eu posso não ter dito isso nunca, mas aquilo era o que eu tinha esperado pela minha vida inteira. E mesmo que você não soubesse, realizou meu sonho de criança. Você sabia que me ensinou a acreditar em Deus?

Depois que você partiu, eu pensei em desistir de tudo. De todos. Da vida. Mas não pude. Guardo no meu coração o brilho no seu olhar quando eu passei no vestibular. Era o meu sonho. O NOSSO sonho. Ver você sair mais cedo do trabalho para comemorar comigo foi inacreditável. Perceber o orgulho em suas palavras quando falava em mim era emocionante. Realizar um sonho teu era gratificante. O que eu faço hoje também é por você. Só não posso negar que gostaria que estivesse aqui pra ver como as coisas estão. Como eu cresci, cuidei e estou cuidando da mãe, de mim, daquilo que construímos juntos... Da nossa vida. Você ficaria orgulhoso de ver que estou cumprindo minha promessa. Jamais vou querer te desapontar.

Acredito que na nossa vida, a partir do momento em que nascemos, temos dois heróis que caminham lado a lado, nos protegendo e nos guiando, todos juntos, em uma estrada com um longo caminho a ser percorrido. Quando eu vim a esse mundo, segurei em tuas mãos e nas de minha mãe. Vocês foram me guiando, me ensinando o que era certo, o que era errado... O que era viver. Tivemos alguns tropeços, algumas vezes tivemos de parar no meio do caminho, pensarmos e decidirmos o que deveríamos fazer. Mas nós jamais largamos as mãos. A estrada era e ainda é realmente longa. Encontramos pessoas novas, começamos algumas amizades. Só que com o tempo, descobrimos que nessa mesma estrada existem alguns bancos. E nesses bancos, conforme o tempo passa, algumas das pessoas que encontramos na vida se sentam, e do lugar onde escolheram ficar, nos guiam apenas com o olhar. Descobrimos então que essas pessoas escolheram descansar. Afinal, foi um longo caminho. Tivemos de aprender a dizer um adeus para eles e seguirmos em frente. Não foi fácil. Nunca é. Mas nós estávamos juntos, de mãos dadas. Você em uma ponta, eu no meio e minha mãe na outra ponta. Vocês eram meus alicerces, minha base, meu porto seguro.

Mas essa vida é mesmo incrível não é? Quando eu tinha 19 anos percebi que um dos meus alicerces já não estava tão forte assim. Mas você não desistiu. Seguiu firme junto à minha mãe, um em cada extremidade. E fomos assim por mais um ano até que algo mudou. Eu já tinha força o suficiente, então, ao lado daquela pessoa que te ajudou a me guiar, decidi por substituir seu lugar. Colocamos você no meio, e o ajudamos nessa caminhada. No entanto, chegou um momento em que tivemos de parar mais uma vez. Nós sabíamos o que estava por vir. Ele estava ali. Aquele banco estava ali. E foi nele que você decidiu descansar. Nós o colocamos ali, de modo que você pudesse se sentir mais confortável. Sentamos ao seu lado, oramos juntos, choramos juntos, demos as mãos pela última vez. Até que eu vi aquelas pessoas que já tinham ficado tão distante de nós, aquelas pessoas que foram os teus alicerces chegarem. Você ficou tão feliz de poder reencontrá-los. Eles te deram a mão e sentaram ao seu lado. Não precisei ouvir nenhuma palavra pra saber que era nesse lugar que você iria ficar. Derramei lágrimas que jamais imaginei que fosse derramar. Dei-te um abraço e segurei nas mãos de minha mãe. Recusei-me a dizer adeus. Disse apenas um “até logo pai” e segui em frente. Então, ao lado de minha mãe, continuei. Pude perceber que na nossa frente estavam pessoas que encontramos ao longo do caminho. Essas pessoas nos disseram pra seguirmos, pois elas não nos deixariam cair. Foi o que nós fizemos. Quando olhei para trás, enxerguei armaduras ao seu lado. Entendi naquele momento: você tinha virado um herói. O meu herói.

Hoje, um ano após nos despedirmos, quando olho pra trás ainda enxergo aquelas armaduras. E são essas armaduras que me fazem lembrar de tudo o que tivemos, daquilo que fomos, daquilo que sentimos e vivemos. A saudade não cabe dentro de mim. Ao longo desse caminho sem você, ainda derramei muitas lágrimas. Ao escrever isso, algumas ainda escaparam de meus olhos. Mas tudo o que eu sei é que você ainda vive em mim e jamais deixará de viver.

Talvez um dia eu me case, tenha filhos, forme a minha família. E também um dia terei de deixar as minhas armaduras. É a lei da vida não é mesmo? Tudo que eu peço e desejo é que, nesse dia, quem estiver ao meu lado sinta tanto orgulho de mim quanto eu senti e ainda sinto de você. E eu espero com todo meu coração que quando tiver de sentar no meu banco, você venha e segure minha mão do mesmo jeito que segurei as suas e jamais as solte novamente.

Peço que Deus te abençoe meu pai, te dê muita luz, serenidade e paz eterna. E que ELE tenha reservado um lugar lindo, com um campo bem verde, onde o sol sempre bata, para que você possa ter a felicidade eterna. Que você siga seu caminho, e olhe por nós. Pois todas as horas da minha vida, todos os minutos das horas, todos os segundo de cada minuto eu estarei pensando em você. Há um ano eu perdi um pai, mas ganhei um herói. Uma estrela que tem um brilho especial, um brilho de pai... Um brilho de herói.

Descanse em paz meu pai, um dia ainda vamos nos reencontrar. Eu te amo. Daqui, até onde eu não mais suportar, você viverá em mim. Da filha que te ama, Aline.